Em Santarém há uma banca que todos os anos se transforma a meio de Novembro e passa a vender apenas artigos decorativos de Natal. Até ao dia 24 de Dezembro.
Situado no Campo Emílio Infante da Câmara, o antigo espaço da Feira do Ribatejo, virado para a Avenida Afonso Henriques, este é o único local da cidade onde ainda é possível comprar peças para montar um presépio tradicional português.
Entre centenas de figuras e acessórios dos mais diversos tipos e tamanhos, luzes, fitas ou árvores, são sobretudo artigos de origem nacional, vindos da zona de Barcelos, no Minho.
“O que ainda nos vai valendo são estas imagens tradicionais em louça, se fossem apenas resinas e outros materiais não vendíamos nada, os chineses estão cheios de tudo”, admite Maria Dália Martins, de 72 anos, feirante que se estreou em venda ambulante, em Santarém, há 57 anos. Ocupava então uma pequena banca na rua Cidade da Covilhã, junto da Igreja da Piedade. Mais tarde, esteve durante alguns anos no antigo Campo Sá da Bandeira, agora Jardim da Liberdade.
“Aqui o negócio tem estado a morrer de ano para ano. Temos esperança que melhore, mas estamos a ver tudo muito fraquinho. Tivemos anos muito bons junto da praça”, recorda. “O ano passado deu para pagar as despesas na Câmara e aos fornecedores, mais nada”, revela.
Ainda assim, tem clientes fiéis que aparecem todos os anos. Vêm do Porto, Mafra, Leiria, Lisboa, e até emigrantes do Canadá. Muitos procuram “repor aquilo que partiram e o que tinham quando eram crianças e perderam”, aponta. “Tenho vários nomes e contactos para ir ver os presépios, mas nunca se proporcionou”.
Para este ano, pelo menos, até à véspera da noite de Natal, Maria Dália continua com a sua banca no mesmo local onde se encontra há 27 anos, embora o seu pavilhão metálico ainda se encontre ”numa situação provisória”, lamenta. CQ
Fotos de Nelson Monteiro Magalhães
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