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A odisseia scalabitana da Acessibilidade: um relato
22-09-2016

Dália Duarte Faria chegou a Santarém com 12 anos de idade, em Novembro de 1983, vinda da África do Sul, onde nasceu. Oriunda de uma família com raízes na aldeia de Alcorochel, Torres Novas, estudou no antigo Ciclo Preparatório, no Colégio Andaluz, e frequentou o ensino secundário na Escola Secundária Ginestal Machado e no Liceu Nacional Sá da Bandeira. Entre 1993 e 1998, passou pelo ISLA de Santarém, de onde saiu com uma licenciatura em Gestão de Recursos Humanos e como a melhor aluna a nível nacional de todos os cursos ministrados até à data. No ano seguinte obteve um certificado de Competências Pedagógicas, e, em 2000, um outro de Coordenação da Formação. Em 2005, alcançou ainda uma pos-graduação em Gestão de Talentos e Competências.

Nasceu com paralisia cerebral, mas fez todo um percurso académico dentro da possível normalidade. “Os médicos dizem que sou um caso raro em termos de desenvolvimento intelectual, claramente, um ‘Ferrari’ dentro da minha categoria”, ironiza. Desde cedo evidenciou uma vontade de não se deixar limitar pela doença. Ainda em África, representou diversas vezes a sua escola em provas desportivas adaptadas, enquanto demonstrava possuir uma particular aptidão pela disciplina de matemática.

Com uma carreira profissional dedicada à formação, trabalhou mais de uma década na área de recursos humanos na CAP, Confederação de Agricultores de Portugal, onde coordenou o Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), que visa melhorar e certificar adultos sem nível básico ou secundário de escolaridade. Colabora regularmente com o Instituto do Emprego e Formação Profissional de Santarém, IEFP, onde tem ministrado diversas acções de formação. Do seu currículo constam ainda o recrutamento e a selecção de funcionários para o Hospital Distrital de Santarém, ou trabalhos de consultadoria em parceria com entidades como a Nersant, a plataforma de distribuição Fordis Portugal, Agriloja, Olitrem ou a Ribacer. Foi ainda criadora e administradora do Portal Forma-te.

Fica um texto escrito por quem sabe e sente diariamente como Santarém é uma cidade com muito pouca mobilidade e ainda menos acessibilidade.

 

A Odisseia Scalabitana da Acessibilidade: Um Relato

41 anos de Democracia e 30 como Estado-Membro de pleno Direito da União Europeia trouxeram a Portugal um sem número de mudanças, inclusivamente a celebração do Dia Europeu Sem Carros, que se regista em Setembro. A mesma traz-me à mente a questão da mobilidade e a odisseia, ou aventura, que a mesma representa para cidadãos portadores de deficiência motora.

Resido em Santarém há 33 anos. Nesta cidade, desenvolvi o meu percurso académico e profissional. Com orgulho o escrevo. Aquilatei o meu potencial e operacionalizo-o, tendo a felicidade de fazer o que gosto, dar formação. E, como formadora, considero que, a formação só é uma mais-valia quando constitui um instrumento de melhoria de processos e de mudança de comportamentos e atitudes. Nesse sentido, pergunto, porque se continua a construir edifícios que não são funcionais ao descorar a mobilidade total e livre circulação de pessoas?

Vejamos, o edifício dos Correios em Santarém. Foi remodelado, construiu-se uma belíssima rampa de acesso, mas depois encontro uma porta que é impensável conseguir abrir sozinha pelo peso enorme que tem. De que serve a rampa então? Conseguindo entrar, há uma plataforma elevatória que, inúmeras vezes, não funciona, ou se perde uma enormidade de tempo à procura de chave para a pôr a funcionar. Cenário idêntico me deparo no edifício principal da Caixa Geral de Depósitos, onde tendo assuntos para tratar, fiquei na rua à chuva e acabaram por ter de ser dois funcionários da instituição a levar a cadeira de rodas, comigo sentada na mesma, escadas acima. Pergunto-me para que existem Leis se depois o efeito prático é nulo ou perto disso e, se à luz do princípio da cidadania plena há cidadãos de primeira e de segunda?

Se preciso de me deslocar ao Centro de Saúde, em S. Domingos, o cenário descrito repete-se. A barreira está logo na entrada, na porta. Negando o acesso a um serviço de saúde que se pretende acessível a todo e qualquer cidadão, desloque-se como se deslocar, tenha ou não limitação motora. Lembro, que 10 por cento da população portuguesa é portadora de algum tipo de deficiência e 36 por cento é idosa. Santarém tem seguramente um número interessante de munícipes a considerar, em qualquer uma destas categorias.

Ainda que a solução não existisse, ou fosse economicamente incomportável, ou não exequível, mas não. Quem não conhece as portas de abertura automática? Ou, como existe nos Estados Unidos da América, na cidade de S. Francisco, um botão que se prime no exterior, colocado na parede, de fácil acesso e utilização. Seria com muito agrado que via uma solução destas levada, por exemplo, à prática no IEFP de Santarém, onde tenho o gosto de trabalhar e me sentir em casa, como formadora externa, há alguns anos, mas esbarro com uma porta pesadíssima que me impede a entrada ao bloco, no qual desenvolvo o meu trabalho.

A acrescer debato-me com o pesadelo da calçada portuguesa e dos reduzidos passeios que me obrigam, com frequência, a ir para a estrada. Compreendendo que a intervenção possa não ser muita nesta matéria. Contudo, apelo ao bom senso de se adotarem medidas integradoras, optando pelo alcatrão aquando de realizações de intervenções urbanísticas. Mais, tenho dificuldade em entender, a inexistência de um rebaixamento em todos os passeios para que cadeirantes e os seus cuidadores se possam deslocar com menos esforço, sacrifício e deixem de pensar duas vezes antes de sair de casa para não serem confrontados com estes constrangimentos. 

Os espaços existem para serem vividos. Situação que só se verifica se aos mesmos tivermos acesso, e quando o mesmo está comprometido, negamos a um conjunto de pessoas o direito de viver de forma plena a sua vida, contribuindo para o desenvolvimento das cidades que escolheram para viver e esperando, com o seu exemplo, de resiliência, resistência, amor pela vida e por si próprios, plantar as sementes da mudança, ao aparecer, dar-se a conhecer e tocar os outros, conduzindo à mudança de mentalidades, consequentemente de comportamentos e atitudes.

Escrevo estas palavras, porque acredito que é preciso conhecer para se reconhecer. E quem me conhece, sabe que arregaço as mangas, vivendo a vida com o que tenho, adorando desafios fazendo mergulho, participando em limpezas subaquáticas e saboreando as ondas no surf adaptado. Isto assim é porque, acredito, tenho uma família que me ama na minha diferença e existem um conjunto de pessoas que dão uma mão, distribuem afetos e dizem: “anda daí, tu és capaz”. 

Mais do que relatar exemplos de inacessibilidades, espero despertar consciências para uma evidência que socialmente teimamos em negar. Todos caminhamos para a velhice que traz associada a si limitações e dificuldades de mobilidade, tanto mais premente numa sociedade onde esperança média de vida é de tendencialmente crescente e o abandono dos idosos é um drama, ao qual se prefere virar a cara. Contudo, continuamos a construir soluções arquitetónicas de eterna juventude. Pensar e agir de forma integradora e inclusiva evita guetos, esbate preconceitos, derruba barreiras e constrói pontes alicerçadas na diferença e erguidas numa cultura cujos valores norteiam comportamentos e atitudes que fazem justiça ao provérbio indiano que diz: “Antes de criticares a forma como ando, calça os meus sapatos”.

Fica o convite, troquem de sapatos comigo. Sim, convido-vos a ter essa coragem, para olharem para a questão com os olhos da emoção e não da razão, porque experienciando, sente-se e ao sentir, compreende-se e age-se, construindo a ponte da acessibilidade física, mental e social, ao ver-se o outro como um todo, diferente de mim, mas que caminha livremente comigo por a ponte comportar todo e qualquer o tipo de sapatos. Dália Maria Duarte Faria/Setembro de 2016

 

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