O Cineclube de Santarém propõe para este mês de Novembro a exibição de três filmes no Teatro Sá da Bandeira, sempre às quartas-feiras à noite.

Para amanhã, 4 de Novembro, a partir das 21h30, passa o filme ‘Taxi’ do iraniano Jafar Panahi.  Estreou no Festival de Cinema de Berlim no passado mês de Fevereiro, onde recebeu o Urso de Ouro e o prémio Fipresci, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema.  Com o realizador impedido de sair do Irão, coube à sobrinha, também actriz no filme, subir ao palco para receber o galardão.

O filme do cineasta iraniano apresenta-se como um falso documentário, realizado apesar das restrições legais que lhe foram impostas pelo regime de Teerão. Jafar Pahani foi preso pela primeira vez em Julho de 2009, tendo sido foi proibido de sair do Irão, após  lhe ter sido apreendido o passaporte. Em Março de 2010 foi novamente encarcerado, até ter sido libertado em finais de Maio, após o pagamento de saindo sob uma fiança de 145 mil euros. No mesmo ano, em Dezembro, foi condenado a seis anos de prisão e vinte anos de proibição de filmar ou de sair do país por, alegadamente, fazer “filmes críticos do regime”.  A situação levou Jafar a instalar uma câmara dentro de um táxi que circula pelas ruas de Teerão. À medida que vai encontrando clientes e os conduz ao destino, vai encetando conversa. Os assuntos abordados vão criando uma espécie de mosaico da sociedade iraniana e abrangem vários temas, desde a política nacional, os costumes locais ou mesmo a liberdade de expressão no Cinema.

A 18 de Novembro é a vez do documentário ‘Portugal: Um dia de cada vez’, realizado por João Canijo. Ao longo de 150 minutos, o cineasta português leva-nos por uma viagem que começa no extremo Norte de Portugal, mas passa também por terras de Trás-os-Montes e do Alto Douro. O filme visita várias aldeias e lugares, mostrando as casas, os cafés, as ruas, e as pessoas que ainda as habitam e o retrato do quotidiano de algumas dessas pessoas, cada vez menos e cada vez mais idosas e isoladas.

A sinopse do filme explica que “tudo se passa numa terra interior de onde as pessoas fugiram e onde os restos do sonho de desenvolvimento se tornaram sinais do absurdo. «É a vida e a vida é triste», dizem com resignação os sobreviventes do Portugal interior. Sobrevivem na condição de viver um dia de cada vez, resignados à fatalidade do destino e a recordar um passado que podia ter sido melhor. A desilusão com o destino é enganada com a culpa da traição dos governantes e com a paixão pelos enredos da televisão. No vazio das horas iguais a tantas outras a existência passa e a vida gasta-se a tentar escapar ao desespero. É um filme de retratos de um país triste que fala de uma particular forma de esperança, a que sonha só com a felicidade de se cumprir a vida. Vivemos um dia de cada vez”.

Finalmente, a 21 de Novembro passa o drama ‘A Montanha’, do jovem realizador João Salaviza, com interpretações de David Mourato,Maria João Pinho, Ema Tavares, Rodrigo Perdigão, Cheyenne Domingues, Carloto Cotta e Ana Cris.Conta uma história que decorre num Verão quente em Lisboa. David, 14 anos, aguarda a morte iminente do avô, mas recusa-se a visitá-lo, temendo esta perda terrível. A mãe, Mónica, passa as noites no hospital. O vazio pela falta do avô obriga David a tornar-se o homem da casa. David não se sente pronto para assumir este novo papel, mas o fim da infância aproxima-se sem que ele se aperceba.